O conceito de Património Cultural Imaterial é complexo e resultou de décadas de trabalho de registo e investigação social e cultural.
“Se é possível hoje falar com toda a naturalidade de património cultural imaterial, isso deve-se à antropologia e à etnografia, não apenas em Portugal mas em muitos outros países na Europa e no Mundo. Foi no âmbito destas disciplinas que se construiu historicamente um campo disciplinar onde tradições orais, artes do espetáculo, rituais, práticas sociais, conhecimentos, mitologia, “saberes fazer” técnicos – que então não se chamavam assim – se constituíram como campos fundamentais de “identificação, documentação, pesquisa, preservação, proteção, promoção, valorização”. Os antropólogos devem ser categóricos – talvez mesmo corporativos – a este respeito: o património cultural imaterial é uma criação da etnografia e da antropologia” (Leal, 2009, p.290)
Não desfazendo outros contextos territoriais, o contexto rural é um dos mais ricos naquilo que concerne ao património cultural, merecendo destaque nesta “identificação, documentação, pesquisa, preservação, proteção, promoção e valorização”. O conceito de património rural é bastante abrangente ao ponto de compreender simultaneamente elementos materiais e imateriais que representam o testemunho das relações que as comunidades estabelecem com o território que as acolhe, ao longo da história dessa construção societal.
Assim, o património do mundo rural está intrinsecamente ligado a todas as suas componentes: a paisagem, os edifícios, as técnicas, os instrumentos, os saberes-fazer e o próprio homem rural, através das tradições, vivências e interações que faz perdurar na comunidade.